domingo, 6 de abril de 2014

A ÁGUA NA COMPOSIÇÃO DE PAISAGENS


PEDER MORK MONSTED - Um lago tranquilo na floresta
Óleo sobre tela - 82,5 x 117,4 - 1904
De todos os motivos dentro da temática de paisagens, a água parece ser aquele que desperta maior admiração e fascínio entre os artistas. Plácida, serena, tempestuosa, corrente, revolta... Em qualquer situação, há nela uma infinidade de condições que desafiam e estimulam qualquer artista, desde os iniciantes até aos mais experientes. Muitos impressionistas famosos tinham verdadeiro trauma na representação de água em suas composições e acabaram esquematizando suas composições, concentrando-se muito mais nos seus efeitos do que numa representação realista.

PEDER MORK MONSTED - Outono em Birchwood
Óleo sobre tela - 114 x 70,5 - 1903

Estarei utilizando, para ilustrar essa matéria, imagens de um dos mais conceituados paisagistas, na minha opinião. Peder Mork Monsted foi um dos representantes tardios do Período de Ouro da Pintura Dinamarquesa de Paisagens. Era um artista virtuoso, que soube como ninguém captar as sutis e cambiantes situações de uma paisagem. A água está presente em muitas de suas composições e é uma espécie de cartão de visitas de sua obra.

PEDER MORK MONSTED - Na floresta
Óleo sobre tela - 74 x 123 - 1896

Uma das dúvidas mais frequentes, principalmente aos iniciantes da pintura de paisagens é com relação à cor da água. Uma das regras básicas para reproduzir com maior naturalidade a sua coloração, é não se esquecer que água não tem cor, pelo menos em seu estado mais natural possível. A cor da água, a se representar em uma composição, depende daquilo que está próximo a ela. Nenhuma situação oferece maior possibilidade de luzes refletidas e colorações variadas, do que a água.

PEDER MORK MONSTED - Um recanto tranquilo no bosque
Óleo sobre tela

Águas tranquilas produzem reflexos diretos, sem muitas sinuosidades. Parecem imagens espelhadas e por isso mesmo, oferecem menos dificuldades para sua execução. Há que se ter muito cuidado para introduzir todos os princípios da perspectiva tradicional na execução da pintura de água. Todas as regras e conceitos da perspectiva também são aplicados em sua execução, como cores mais fortes e contrastantes no primeiro plano e mais suaves assim que a distância aumenta.

PEDER MORK MONSTED - Paisagem
Óleo sobre tela - 60 x 80
As águas agitadas são mais complexas para sua execução. Os reflexos já não são tão diretos quanto nas águas calmas e por isso tornam-se interrompidos e por vezes chegam a parecer mais compridos, dependendo da oscilação que possa ocorrer na superfície da mesma. Também seguindo os princípios da perspectiva, os reflexos serão maiores e mais espaçados próximos ao observador, e menores e mais unidos, assim que a distância aumenta. Uma regra geral é que, próximos aos objetos refletidos, os reflexos tornam-se bem mais densos. Nas águas agitadas, as ondulações acabam produzindo um contraste bem interessante entre as depressões mais escuras e os picos luminosos mais superficiais. Isso, próximo ao observador. À medida que vão se distanciando, esses picos luminosos tendem a se tornar uma massa homogênea e brilhante.

PEDER MORK MONSTED - Um fluxo na floresta
Óleo sobre tela - 140 x 102 - 1895
Dependendo da incidência do sol, os reflexos na água podem se tornar mais claros ou mais escuros. Se o objeto está na sombra e a água é atingida pelos raios solares, o reflexo será mais claro que o objeto. Se, ao contrário, o objeto é iluminado e água está nas sombras, então o reflexo será mais escuro. Geralmente, as cores dos reflexos são sempre mais escuros do que as cores dos objetos refletidos. Com exceção de objetos negros, que costumam ter os reflexos ligeiramente mais claros, devido à transparência da água.

PEDER MORK MONSTED - Dia de primavera em uma casa de palha com lilases florescendo
Óleo sobre tela - 1925

Um erro muito comum, ao se reproduzir água, é fazer os objetos refletidos usando apenas sua imagem contrária, em ponta-cabeça. A água funciona como um espelho, portanto o que está refletido nela depende principalmente do ângulo do observador. Se você estiver observando uma pessoa com uma sombrinha, por exemplo, não verá a parte externa da sombrinha no reflexo, como vê no objeto, verá a estrutura que forma a sombrinha, com suas armações e suas cores de sombras características. A gravura acima ilustra isso muito bem. Da vasilha que está à beira d'água, no canto direito, conseguimos ver o seu interior na imagem superior e no reflexo não conseguimos ver a mesma situação.

PEDER MORK MONSTED - Reflexos
Óleo sobre tela

Objetos que não estejam inclinados tendem a ter os seus reflexos do mesmo tamanho. Se inclinam para frente, os reflexos serão maiores, e se inclinam para trás, serão mais curtos. Quanto maior a inclinação, maior será a diferença do comprimento a ser representada em uma composição.

PEDER MORK MONSTED - Paisagem costeira, Bornhol
 Óleo sobre tela - 64,5 x 47,5 - 1917
Contra os reflexos dos objetos, o fundo da água tende a mostrar tudo que está contido nela, como pedras, gravetos e folhas. Contra o reflexo direto do céu, o que aparece, com mais frequência, é apenas a superfície da água.

PEDER MORK MONSTED - Beira de um lago
Óleo sobre tela
PEDER MORK MONSTED - Por de sol sobre a floresta
Óleo sobre tela - 68,7 x 113,6 - 1895
Lembre-se que não há uma regra geral para representação de águas. Observar a natureza é o método mais confiável possível. Não há melhor mestre que ela. O mais sensato é praticar a pintura ao vivo, para ver como se comportam todas as situações possíveis.

PEDER MORK MONSTED - Um rio tranquilo
 Óleo sobre tela - 61 x 91,5


AGRADECIMENTOS A ESTE EXCELENTE MESTRE!
POR PERMITIR A DIVULGAÇÃO AQUI NO MEU BLOG!
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